segunda-feira, 18 de junho de 2012

Lírica nº 61

Parte.
Abandona-me depressa.
E se chegares a ser saudade,
eu talvez perceba, embora tarde,
que também fôste amor.

_______________J. G. de Araújo Jorge

Se já estás farto,
se não passo de "agora" sem promessa,
parto,
mas sem rancor nem pressa.
Parto para teu mal e teu castigo,
com minha mãos leais
e a imensa verdade do meu ser.
Parto, mas levarei comigo
a certeza do dia que jamais
para ti há de amanhecer.
Parto, escutando já o teu queixume
de rastros a meus pés,
porque sem mim
não haveria perfume em teu jardim.
Nem as estrelas terão lume
nem as ondas, marés.
Se teu amor já não me toca,
e me expulsou do Paraíso.
Parto, mas levo em minha boca
a sonora presença do teu riso.
Parto, mas tua vida há de ser sempre incalma
do desespero em cruz que de ti se avizinha;
Parto, mas deixo impresso na tua alma
o desenho da minha.
Na direção do sol e do luar,
já toda a luz em mim presente,
parto sem pressa nem rancor,
para quando a saudade te matar,
possas então saber, nitidamente,
até que ponto eu fui amor.
_________________________Maria Helena

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